Segunda-feira, 23 de Novembro de 2009
Por MENDES MUTENDA
Joaquim Salvador em prefácio do livro “Planície Sem Fim”, do Sociólogo, Elísio Macamo, diz o seguinte: “não assumas verdades feitas porque alguém as afirmou”, o que quer dizer, devemos interrogar tudo que está pela nossa frente. É dentro deste espírito que ao lermos, ou ao olhar tudo, o sentido crítico deve estar presente. Porque é a partir da crítica que podemos avançar para qualquer desafio de desenvolvimento.
Coisas não criticadas são, acima de tudo, imaturas. A academia é um dos locais onde se aprende a criticar. A partir do momento em que alguém aprende que não é o sol que gira em torno da terra, mas sim ao contrário, estamos aqui a dar a este estudante instrumentos de defesa para que olhe as coisas como elas são e não de uma forma supérflua.
A palavra NADA pode ser logo à primeira, uma palavra nada. Onde quero chegar? Vamos a isso. Do ponto de vista gramatical pode ser tanto para descrever a falta de argumentos como para descrever algo que não se encaixou no pretendido. Por exemplo: Mendes, durante a sua intervenção no texto, não disse nada. Quer dizer, aqui há uma situação em que Mendes terá proferido no discurso que não era o esperado; discurso que não tem nada a ver com o tema em debate; escassez de argumentos no discurso; ou mesmo, na linguagem matemática, um vazio.
Acho que é tão ingrato, alguém ser dito que não “disse nada” enquanto disse algo que, se calhar, não terá caído bem ao destinatário. Vejam só, o facto do articulista que é acusado de não ter dito nada, ter tirado uma palavra, ele disse algo.
A aplicação desta palavra “nada” é, em grande medida, considero, uma injustiça, ou seja, desconsidera tudo ou o esforço que a pessoa faz, fez, em detrimento do vazio. Há coisas muito piores que já ouvi em discussões até familiares dizeres do género, que logo a priori parecem de pouca relevância, mas a posterior colocados à reflexão são um atentado a estabilidade dos lares, das amizades, dos colegas do acaso até mesmo a relação entre trabalhador e o patrão.
Da mulher ao esposo, vice-versa: “na verdade, aqui no lar não és nada”. Dito por alguém com quem em comunhão são pais de filhos/as, que impacto social tem isso, a partir dia da discussão até ao resto da vida, depois do nervos baixarem?
Se for uma frase proferida por uma mulher, o homem – se for moçambicano – pode duvidar da paternidade biológicas dos filhos. Se for um discurso proferido por um homem, a mulher – se for moçambicana – dentre outras interrogações, pode pensar que ela é um mero instrumento de fabricar e cuidar dos filhos em casa. Duma ou de outra forma esta palavra “nada” reduz à zero tudo o que a pessoas faz, ou seja, presente ou não a pessoa, não faz falta naquele círculo.
A palavra “nada” foi apenas um intróito de tantas que me parecem bonitas e são, mas quando empregues numa dada situação podem trazer consequências drásticas a pessoas em nosso redor. Quase todas as palavras foram feitas criadas
A palavra é um elemento transformador do mundo, sem ela não haveria graça de sermos humanos. Cada palavra tem a sua utilidade lógica, mas quando empregue em outras situações pode realçar um certo comportamento, tornamo-nos inimigos dum do outro.
Vou ter que interromper por aqui pois alguém disse-me que os textos eram longos. Esta postagem é apenas a primeira parte, o “nada” ainda tem mais argumentos. Até aos comentários.