O Instituto Cultural Moçambique-Alemanha, ICMA realizou recentemente, em Maputo, um evento subordinado ao tema “Já não há cartas de amor” com vista desenvolver um intercâmbio socio-cultural, reflectir acerca da escrita e recuperar o gosto pelas cartas de amor entre os artistas e amantes da poesia do nosso país.
Para além do recital da poesia, o evento foi coroado pelo canto do qual, o amor foi o fundo temático. Participaram ainda, artistas provenientes de diversas parcelas do mundo como é o caso da África do Sul, Ruanda e Argentina. De referir que, o evento enquadrava-se nas comemorações do dia internacional da poesia assinalado a 22 de Março.
De acordo com Felling Kappela, o mestre de cerimónias, a iniciativa visa entre vários aspectos. “Interagir os artistas de grande gabarito com os mais novos já que teremos a presença do escritor Calane da Silva e do músico Roberto Chitsondzo”, sustentou.
Kappela reconhece que recuperar na sociedade o gosto pela escrita de cartas de amor, não é tarefa fácil, já que temos actualmente o telemóvel e a internet que reduzem a nada a tradicional carta manuscrita. Porém, é um exercício que devemos fazê-lo continuamente.
Em conversa com a nossa Reportagem Mpho Molao poetisa da África de Sul classifica de boa a experiência da interacção com Moçambique uma vez que nas suas palavras “os moçambicanos são pessoas muito tradicionais”.
Quem não se ausentou do evento, foi a Associação dos Estudantes da Faculdade de Medicina, que também fez passear a classe dos seus poetas, emocionando aos presentes. De referir que esta agremiação foi fundada no ano passado com o objectivo de preencher a lacuna literária que se fazia presente naquela instituição de ensino superior.
Entretanto, Calane da Silva e Roberto Chitsondzo fecharam em apoteose numa simples combinação do recital com o som acústico produzido com esmero pelo segundo. Na sua intervenção Calane da Silva não deixou de vangloriar o trabalho literário realizado pelos jovens, devido a excelência do conteúdo dos seus textos. Fê-lo recordar ainda os tempos mais recuados em que junto dos companheiros José Craveirinha, Noémia de Sousa entre outros faziam suas criações literárias nos subúrbios.
“Valeu a pena ter feito poesia nos subúrbios, pois há gente hoje que a valoriza”, disse Calane, para num outro desenvolvimento declamar “Mãe Negra”, um poema por si criado aos 15 anos que ao apresentá-lo a mãe esta, o aconselhou a não dize-lo em público sob pena de ser preso pelos colonos acusado de revolucionário.
Opinião contrária a do Calane, não é a expressa por Chitsondzo que diz ter-se recordado do passado como se do momento em que falava se tratasse, para depois cantar-nos alguns temas clássicos seus e recitar poemas de amor de Marcelino Vasconcelos.