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Por Manuel Rebelo

 

 

A ciência Histórica trouxe de um passado longícuo, registos de formas de comunicação estruturadas e estruturantes. As sociedades inventaram desde mecanismos relativamente simples de comunicação aos mais complexos que iam desde o uso de objectos como o tambor, aos sons produzidos e emitidos pelos seres humanos, as pinturas em rochas  até aos signos inventados pelos habitantes dos vários continentes (Perles, Sd).
A organização da sociedade pressupõe a adopção de formas comunicacionais que sejam acessíveis e perceptíveis por todos os membros, o que permite concluirmos que a comunicação estrutura, social, politicamente e economicamente a sociedade (Castells, 1999). Ao processo comunicacional antecede um objectivo que é o de transmitir uma mensagem que deve ser descodificada ou apreendida pelo receptor esperando-se que ela produza um efeito.
Há objectivos na comunicação que vão desde os de grupo, de classe social, de hierarquização, de organização, de normalização, entre outros. As primeiras entidades políticas em Africa, particularmente em Moçambique controlaram os seus territórios através da adopção de processos comunicacionais efectivos, destacando-se o uso de mensageiros no Estado dos Mwenemutapas, dos Gaza Nguni, etc.
O que realmente me levou a escrever este artigo não é a discussão teórica do conceito de comunicação mas sim uma forma que considero simples de conceber um processo de comunicacão mas com um efeito estruturante – aquilo a que chamarei de um exemplo de comunicação efectiva.
Estive no Posto Administrativo de Chitima, no Distrito de Cahora Bassa. Alguma informação básica é importante, porque para alêm de familiarizarmo-nos com o objecto de estudo, introduzimo-nos num espaço relativamente distante do local onde nos encontramos: o Distrito de Cahora Bassa localiza-se no centro Sul da província de Tete, é limitado a Norte pelos Distritos de Marávia e Chiuta, a Este pelo Distrito de Changara, a Sul a República do Zimbabwe e a Oeste o Distrito de Mágoe. Tem três postos Administrativos, nomeadamente, Songo, Chitolo e Chitima, este último tem cerca de 36,106, habitantes (censo 1997) (MAE, 2005). Chitima para alêm de estabelecer fronteira com o Programa de conservação da natureza, designado Tchuma Tchato é também um ponto de ligação com a República do Zimbawe. 
Neste Posto Administrativo, como observador social, deparei-me com um sistma de comunicação sui generis que foi implementado no Instituto de Formação de Professores de Chitima (IFP-Chitima). Este Instituto ministra aulas durante os dois perídos e é constituido por dormitórios para estudantes quer para o sexo masculino quer para o feminino e o respectivo refeitório.  
O sistema comunicacional é constitudo pelos seguintes elementos: uma jante, uma parte de uma andaime, e um ferro de 1 metro de comprimento (com uma espessura de aproximadamente 5 centímetros). Este ferro é usado para ser embatido sistematicamente contra a jante e o andaime. A jante e a parte do andaime encontram-se pendurados por meio de uma corda numa arvóre, exactamente no meio do recinto do Instituto. O individuo responsável pelo toque é funcionário, e alguns momentos um estudante do Instituto pode efectuar o toque.
O ferro quando embatido sobre a jante produz um som diferente e quando sobre o andaime produz outro completamente diferente do da jante. Quando o som é embatido sobre as jante significa que determinada refeição está pronta e é  momento em que os estudantes devem dirigir-se para o refeitório e quando o som provém do andaime significa que é momento de interva-lo ou é a chamada para a entrada em sala de aulas. Este último é o que mais vezes emite sons por causa dos vários interva-los.
As sociedades identificam e estabelecem sistemas de comunicação em função dos seus próprios interesses e necessidades e este é um exemplo elucidativo de como podemos organizar nossas acções e intervenções recorrendo a sistemas comunicacionais estritamente relacionados com as realidades materiais de cada um dos espaços geográficos onde nos encontramos.
Bibliografia Consultada
PERLES, João Batista (Sd). Comunicação: conceitos, fundamentos e história. Disponível em: www.bocc.ubi.pt, acessado no dia 10 de Agosto de 2009, pelas 9 horas.
CASTELLS, Manuel. A Era da Informação: economia, sociedade e cultura, vol. 3, São Paulo: Paz e terra, 1999.
MAE. República de Moçambique. Perfil do Distrito de Cahora Bassa. 2005
publicado por abc às 10:50 | link do post
Olá ABC online...Gosto muito dos vossos posts . Já agora, alguma vez pensaram em dar mais brilho e cor ao blog? bjs
Anónimo a 27 de Agosto de 2009 às 18:01
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